Bia de Lima e Amauri Ribeiro formalizam representações e levam ofensas ao Conselho de Ética da Alego
Bruno Peixoto, presidente da Casa, tentou adotar tom conciliador

Um dia após o encerramento tumultuado da sessão na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), a crise envolvendo os deputados Bia de Lima (PT) e Amauri Ribeiro (União Brasil) ganhou novos capítulos nesta quinta-feira (22). A petista apresentou representação por quebra de decoro parlamentar contra Amauri, apontando reiteradas condutas ofensivas. O deputado “do chapéu”, por sua vez, respondeu com uma contra-representação e ampliou os ataques à colega, a quem acusou de “apologia à pedofilia”.
“Quero solicitar que o senhor tome providências. O que tem acontecido aqui vai além de divergência política. É violência simbólica, verbal e, por muito pouco, não física”, afirmou Bia de Lima, dirigindo-se ao presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB). A deputada relatou que precisou ser escoltada pela Polícia Legislativa após o fim da sessão, quando Amauri, da mesa diretora, fez insinuações sobre sua vida pessoal.
“Não trabalhei tanto para chegar até aqui e ser desrespeitada desse jeito”, disse a petista. Ela pediu formalmente que a presidência envie o caso ao Conselho de Ética, solicite advertência pública ao colega e garanta medidas que assegurem a ordem nas sessões. “Essa semana ou dos limites. O linguajar é chulo, constrangedor e incompatível com a postura de um deputado. Se fosse com as esposas ou mães dos senhores, será que continuariam em silêncio?”, questionou.
Em resposta, Bruno Peixoto tentou adotar tom conciliador. Disse que a entrevista de Bia, origem da fala de Amauri, foi feita em clima de descontração e que não houve qualquer conteúdo de conotação criminosa. “Acolho a representação e ela será encaminhada ao corregedor Julio Pina, que a remeterá ao Conselho de Ética. Reitero que qualquer deputado tem o direito de se sentir ofendido e também representar”, afirmou. O presidente informou ainda que, a partir de agora, qualquer fala ofensiva poderá ter a transmissão pela TV Alego cortada imediatamente.
Logo após, Amauri Ribeiro usou a tribuna para apresentar sua própria representação contra Bia. Disse que foi ofendido quando a colega afirmou não saber “quais suas preferências sexuais” e declarou que vai denunciar a petista à Comissão da Criança e do Adolescente e à Comissão de Educação.
“O que estou dizendo é que as falas da deputada, ao meu modo de entender, são apologia à pedofilia”, afirmou. Ele se referia ao uso do termo “novinho” por Bia em uma entrevista de rádio, e defendeu que isso não se trata de brincadeira.
“Nós, deputados, temos responsabilidade com o que falamos. Maio é o mês de combate à pedofilia, e esse termo é usado por pedófilos, sim. Ela foi chamada de ‘papa-anjo’ pela repórter e riu. Eu não ofendi. Eu apenas repeti o que ela disse.” Amauri ainda se defendeu da acusação de ter partido para agressão no plenário na quarta-feira. “Nunca encostei a mão numa mulher. Se o senhor disser que eu fiz, estará mentindo”, declarou, dirigindo-se a Bruno Peixoto.