BRASÍLIA

PDT rompe com governo após demissão de Carlos Lupi

PDT sentiu-se incomodado pela troca de Carlos Lupi por Wolney Queiroz no Ministério do Trabalho, porque queria manter Lupi

(Folhapress) A bancada do PDT na Câmara dos Deputados decidiu deixar a base do governo Lula (PT) e discutir candidaturas alternativas para a eleição presidencial de 2026 após a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência.

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Sob pressão no governo em razão do escândalo de fraude no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Lupi pediu demissão na última sexta (2).

Para o seu lugar, Lula nomeou Wolney Queiroz, que era seu número 2 na pasta. O partido trata a escolha como pessoal do presidente, já que não foi consultado sobre a substituição.

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“Neste momento, estamos nos colocando em posição de independência”, disse o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG). “O PDT na eleição anterior ofereceu alternativa para a Presidência e a gente acha que podemos oferecer alternativa também para 2026”, afirmou o parlamentar.

Em 2022, o PDT lançou à Presidência Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar, com apenas 3% dos votos válidos. A sigla apoiou Lula no segundo turno.

A decisão de sair da base do governo foi tomada em reunião dos deputados do partido com Lupi na manhã desta terça-feira (6). Ciro não participou do encontro.

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A ministra Gleisi Hoffmann (PT), da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), já conversou com Heringer na segunda-feira e pretende se encontrar com toda a bancada nos próximos dias para tentar reverter a posição.

“Respeitamos o posicionamento da bancada e seguimos dialogando com o PDT, contando com o apoio do partido nas matérias de interesse do país”, afirmou ela, nesta terça, após a decisão da sigla.

Apesar de Lupi e Wolney serem do PDT, a troca incomodou o partido, que argumenta que o ex-ministro não é citado na investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União sobre fraudes do INSS.

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Lupi também discordou abertamente de Lula ao defender que o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, não deveria deixar o cargo após a operação policial.

Diferentemente do ex-ministro, porém, Stefanutto foi alvo da operação da PF. Ele nega as acusações.

Na reunião, Lupi se mostrou sentido com a demissão, recebeu a solidariedade dos colegas, mas pediu aos deputados que não estimulassem publicamente a candidatura de Ciro Gomes à Presidência.

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Na sequência, fez uma metáfora na qual comparou o ex-presidenciável a uma fagulha, que pode incendiar e levar o partido a uma nova candidatura em 2026.

Nesta terça, Ciro participou de uma reunião na Assembleia Legislativa do Ceará na qual defendeu a união das oposições ao PT no estado, incluindo bolsonaristas. Em entrevista à imprensa, criticou a demissão de Lupi e defendeu o desembarque do PDT do governo Lula.

Apesar de deixar a base do governo, deputados do PDT dizem que a postura não será de oposição, mas de apoio a projetos de interesse do país e, principalmente, às pautas defendidas pela centro-esquerda. No grupo de WhatsApp da bancada, a versão de que eles deixarão de votar com o governo foi contestada.

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A ideia é repetir o posicionamento de outras siglas que têm cargos na Esplanada, mas dizem que são independentes e não compõem oficialmente a base do governo, como PP —quem tem André Fufuca no Ministério dos Esportes—, União Brasil —com Celso Sabino (Turismo), Waldez Goés (Integração) e Siqueira Filho (Comunicações)— e Republicanos —sigla de Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Essas siglas, sobretudo o União Brasil, costumam votar com o governo em projetos da área econômica, mas também ajudam a oposição a, por exemplo, conseguir s para a I (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS na Câmara ou aprovar projetos da pauta de costumes no Congresso.

Por outro lado, essas três siglas têm perfil ideológico de direita, enquanto o PDT, historicamente, é de esquerda.

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Heringer afirmou que a decisão de ficar independente mudará a postura do partido nas votações. Se antes a sigla aderia 100% aos projetos do governo sem questionar, agora serão discutidos caso a caso e divergências serão autorizadas.

“Num caso desses, daqui para frente, será mais fácil a gente dizer: a bancada está liberada, cada um faz o que lhe aprouver”, disse.

“Continuamos como base no governo no sentido das discussões macro, mas iniciamos uma reflexão sobre 2026 e sobre a relação política com o PT nos estados”, afirmou o deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP).

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