Goiânia recebe cortejo em homenagem aos Pretos Velhos e anuncia celebração dedicada a Exu
Cortejo reuniu médiuns, dirigentes espirituais e fiéis de diversas regiões do estado

No último domingo (4), Goiânia recebeu a Procissão dos Pretos Velhos, organizada por povos de terreiros. A celebração saiu do Centro Espírita São Miguel Arcanjo, no Setor Universitário, até a Praça Universitária. O cortejo reuniu médiuns, dirigentes espirituais e fiéis de diversas regiões do estado, com cantos, orações e manifestações públicas ligadas às religiões de matriz africana.
Esta foi a segunda edição consecutiva da caminhada após um intervalo de três décadas sem a realização do evento. O cortejo é uma homenagem às entidades conhecidas como Pretos Velhos, cultuadas principalmente na Umbanda, e tem como foco a preservação da tradição religiosa, além da reivindicação por liberdade de culto.
“Contamos com os médiuns, com a responsabilidade de levar nossa religião adiante. Agradeço aos pais e mães de santo que vieram de perto e de longe, e também ao apoio da GCM, da PMGO e da Secretaria Municipal de Engenharia pessoal de Trânsito. Que os Pretos Velhos iluminem nossos caminhos”, declarou o padrinho Zelismar, dirigente do Centro São Miguel Arcanjo, fundado em 1952 por Vó Erotildes do Carmo.
Celebração a Exu
A próxima atividade programada pelos povos de terreiro será a quarta edição do evento “Laroyê Exu”, marcado para 13 de junho, às 19h, em frente ao Cemitério Parque, no Setor Gentil Meireles. A celebração será conduzida por Pai Alan Tavares, fundador do Centro Espiritualista Ogun de Lei.
“Há três anos criamos esse momento para louvar Exu com respeito. Vamos com nossos instrumentos, nossos pontos cantados, mostrar que Exu é parte viva da nossa tradição. Ele não é o diabo, como tentaram nos fazer acreditar. Isso é herança do pensamento europeu, não da nossa cultura africana”, afirmou Pai Alan.
De acordo com o sacerdote, o evento busca oferecer visibilidade às práticas do povo de Axé e reforçar a presença das religiões afro-brasileiras no espaço público. “Exu é caminho, é comunicação, é princípio. Assim como outras religiões têm direito à sua expressão pública, o povo de Axé também precisa se afirmar nas ruas”, concluiu.