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tragédia

14 mil bebês podem morrer em Gaza em 48 horas se Israel não permitir ajuda, diz ONU 

Diretor de assuntos humanitários da organização observa que liberação de Netanyahu é uma 'gota no oceano' do necessário

14 mil bebês podem morrer em Gaza em 48 horas se Israel não permitir ajuda, diz ONU liberação de Netanyahu é uma gota no oceano necessário
Foto: Agência Brasil

O chefe de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, alertou nesta terça-feira (20), em entrevista à BBC, que 14 mil bebês podem morrer em Gaza nas próximas 48 horas se Israel não permitir a entrada de ajuda humanitária no território. Segundo ele, a quantidade de suprimentos autorizada atualmente é mínima e insuficiente para conter a tragédia.

Desde o dia 2 de março, Israel mantém um bloqueio total à Faixa de Gaza, impedindo a entrada de alimentos, combustível e medicamentos. A Organização das Nações Unidas (ONU) já classificou a situação como um “preço desastroso” pago pela população palestina. No domingo (17), o governo israelense ou a permitir a entrada de alguma ajuda humanitária, mas em quantidade extremamente limitada.

De acordo com Fletcher, os cinco caminhões que conseguiram entrar em Gaza na segunda-feira são apenas uma “gota no oceano”. Ele afirma que o necessário é uma verdadeira inundação de ajuda humanitária, capaz de alcançar as regiões mais afetadas da Faixa de Gaza.

Mesmo os poucos caminhões que cruzaram a fronteira ainda não conseguiram chegar às comunidades necessitadas. Fletcher declarou que espera viabilizar a entrada de 100 caminhões nesta terça-feira (20), mesmo reconhecendo que será difícil. “Vamos carregá-los com comida para bebês e nosso pessoal vai correr os riscos. Quero salvar o máximo possível desses 14 mil bebês nas próximas 48 horas”, afirmou.

O apelo foi feito durante entrevista ao programa Today, da BBC. Questionado sobre o cálculo que levou à estimativa de 14 mil bebês em risco, Fletcher explicou que a ONU ainda tem equipes atuando em campo, mesmo após várias mortes de trabalhadores humanitários. “Eles estão em centros médicos, escolas, tentando avaliar as necessidades”, afirmou.

O representante da ONU elogiou uma declaração conjunta de Reino Unido, França e Canadá, que criticaram Israel pela restrição à ajuda. Segundo ele, o “verdadeiro teste” da intenção do governo israelense de permitir ajuda é agora. A ONU pede apoio da comunidade internacional para pressionar Israel e garantir que os suprimentos cheguem às pessoas que estão morrendo de fome.

Na segunda-feira (19), o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reconheceu que só liberou parte da ajuda após pressão de aliados. “Não devemos chegar a uma situação de fome, tanto do ponto de vista prático quanto diplomático”, disse. Ele acrescentou que os “maiores amigos de Israel no mundo” demonstraram preocupação com as imagens de desnutrição e sofrimento em massa.

Israel alega que o bloqueio tem como objetivo pressionar o grupo Hamas, que ainda mantém 58 reféns, sendo que até 23 estariam vivos. O governo também acusa o Hamas de roubar a ajuda humanitária — algo que o grupo nega. Segundo Netanyahu, a liberação completa de alimentos e medicamentos só será feita quando for possível estabelecer “uma área segura sob controle das Forças de Defesa de Israel (IDF)”.

Enquanto isso, o desespero aumenta entre os palestinos no norte de Gaza. Moradores relataram à BBC que não conseguem encontrar pão para alimentar seus filhos. “Estamos vivendo uma tragédia. Como conseguiremos ajuda do sul? Será difícil para nós irmos até lá”, disse um homem da Cidade de Gaza.

“As pessoas começaram a desmaiar por falta de comida. Não sabemos o que dar para alimentar nossos filhos. Não há lentilhas, arroz, farinha, legumes. Ninguém tem dinheiro nem para um tomate ou um saco de farinha”, relatou outro morador.

Outro homem, identificado como Abu Salem, disse que está desesperado por “itens básicos como combustível e açúcar”. E concluiu: “Precisamos de comida para as crianças.”